Após 70 anos à frente da monarquia britânica, o reinado da rainha Elizabeth II teve fim nesta quinta-feira (8). Ela foi coroada rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte no dia 2 de junho de 1953, aos 26 anos. Na cerimônia, o governo brasileiro foi representado por um gaúcho, o Marechal do Exército João Baptista Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), de São Gabriel. Na época, Moraes era chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), no governo de Getúlio Vargas.
A cerimônia foi exibida ao vivo na rádio e TV pela primeira vez na história da monarquia britânica e foi acompanhada por mais de 80% da população britânica. A foto em que Morais aparece está em São Gabriel, sob os cuidados do Museu Nossa Senhora do Rosário Bom Fim, conhecido também como Igreja do Galo. Moraes chefiou a delegação brasileira que esteve presente na cerimônia, realizada em Westminster – a sede do poder no Reino Unido.
Quem cuida do acervo na Igreja do Galo é o professor aposentado de Informática da Urcamp Beraldo Figueiredo, de 65 anos, que não esconde a satisfação em cuidar de itens de fatos tão importantes, e muitas vezes, desconhecidos por muitas pessoas.
– Pra nós é um orgulho, né? Já que São Gabriel só aparece nas páginas policiais. Temos muitas cartas, com autógrafos aqui. Inclusive, o apelido dele era Jango, só os íntimos chamavam assim.
O Marechal relata a cerimônia através de cartas destinadas ao presidente, como mostra o material guardado no Centro de Documentação da Fundação Getúlio Vargas. Ele descreve o breve contato com Elizabeth, e como a monarca reagiu ao presente enviado por ele:
“Assim, em oportunidades propiciadas tive a satisfação de falar com a Rainha Elizabeth. Da primeira vez disse-me, com bastante naturalidade, que tinha apreciado muito o colar de pedras preciosas que, dias antes, lhe fora entregue, tendo nessa ocasião, indagado como elas são encontradas na natureza e qual a maneira de selecioná-las. De outra, dirigiu-me a palavra a propósito de minhas impressões sobre a cerimônia de coroação e, também, naquele momento, dos aspetos artísticos do Palácio de Lancaster, onde nos encontrávamos”
Fotos: Reprodução
A rainha sempre foi conhecida por sua elegância na escolha roupas e, principalmente, joias. Registros mostram que a coleção de colares, pulseiras, brincos, anéis, relógios e pingentes é extensa, totalizando cerca de 300 itens. Muitos foram presentes, um deles, entregue por Moraes: um conjunto de diamantes e pedras preciosas águas-marinhas.
Foto: WireImage.
Foto: Getty Images
Quando visitou o país pela primeira vez, em 1958, foi a vez de Juscelino Kubitschek acrescentar novas peças ao conjunto feito de águas-marinhas, extraídas do alto da Pedra da Onça, em Itarana, na região centro-serrana do Espírito Santo. O mesmo foi feito em 1968 pelo presidente Artur Costa e Silva, que presenteou a rainha com novas peças. Inclusive, ela havia encomendado uma tiara especialmente para combinar com o conjunto. No total, são mais de 10 águas-marinhas de 120 quilates e 647 brilhantes. Elizabeth II usou todo o conjunto quando recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Londres, no ano de 2016.
Alguns dos itens do comandante disponíveis no Museu Nossa Senhora do Rosário Bom Fim, a Igreja do Galo.
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